“Ó São Francisco, estigmatizado do Monte Alverne, o mundo tem saudades
de ti, qual imagem de Jesus crucificado. Tem necessidade do teu coração aberto
para Deus e para o homem, dos teus pés descalços e feridos, das tuas mãos
trespassadas e implorantes.” (Papa João Paulo II)
No
próximo dia 17, celebraremos a festa da Impressão das Chagas de São Francisco.
É belo refletir na profundidade mística desta festa franciscana onde celebramos
o dia em que Francisco chegou a um dos pontos mais altos de semelhança à Nosso
Senhor Jesus Cristo; na realidade ele começa a se configurar ao Cristo desde
que ele assume o seu projeto de vida, em São Damião onde ele afirma: É isso que
eu quero, é isso que eu procuro, é isso que desejo viver de todo meu coração”
ao ouvir o evangelho da festa de São Mathias.
Mas a
vida de Francisco foi como a escalada de uma grande montanha, e é em uma
montanha em que ele recebe os sinais da paixão, o nome dessa montanha é Alverne
(La Verna), um monte que Francisco recebera de esmola de um conde de nome
Orlando que lhe tinha muita admiração. Francisco gostava muito desse lugar para
orar e nele fazia suas contemplações e passava suas quaresmas, pois Francisco
celebrava duas quaresmas, uma em preparação para a festa da páscoa, e outra em
preparação para a festa de São Miguel Arcanjo que começava na festa da assunção
de Nossa Senhora e ia até a festa de São Miguel. E na celebração desta
quaresma, no ano de 1224, Francisco estava sobre o Alverne acompanhado de Frei
Leão. Eles se encontravam apenas para a oração do ofício das matinas que se faz
pela manhã. Nesse período Francisco estava bastante debilitado por conta das
duras penitências que fizera ao longo da vida, enxergava pouco, mas ainda assim
persistia na luta contra as tentações e na busca de se aproximar de Deus, como
um atleta que luta para chegar ao pódio. Em uma madrugada na Festa da Exaltação
da Santa Cruz (14 de setembro), orando, Francisco pede a Deus: “Ó Senhor meu
Jesus Cristo, duas graças te peço que eu me faças antes de morrer: a primeira,
que em vida eu sinta na minha alma e no meu corpo, quanto for possível, a dor
que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão. A segunda é
que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele amor sem medidas de
que tu, Filho de Deus, estavas incendiado para suportar, por querer, tamanha
paixão por nós pecadores”. Era manhã, ainda escura, e frei Leão se dirigia à
cabana de Francisco para rezar as matinas e de repente ele se depara com uma
grande, forte e brilhante luz e fica um pouco espantado, se esconde e aprecia,
contempla Francisco ajoelhado com os braços abertos diante daquele ser que
emanava tão bela luz, Francisco apenas balbucia: “ Senhor quem sois vós e quem
sou eu, vós o Altíssimo Senhor dos céus e da terra, e eu um miserável verme,
vosso ínfimo servo!” o ser iluminado era um crucificado, na forma de um
Serafim, com seis asas, anjo da mais elevada hierarquia celestial. São
considerados os Anjos mais honrados e mais dignos, os que mais amam, ou seja,
aqueles que possuem uma maior e mais admirável capacidade de amar.
Na
Sagrada Escritura os Anjos Serafins aparecem somente uma única vez, na visão de
Isaias: "... vi o Senhor sentado sobre um trono alto e elevado... Acima
dele, em pé, estavam Serafins, cada um com seis asas: com duas cobriam a face,
com duas cobriam os pés e com duas voavam".(Is 6,1-2). E após esses
minutos de contemplação Francisco recebe em sua carne, assim como Cristo os
sinais da paixão do Senhor, as chagas nas mãos, nos pés e do lado.
Apenas a
quem Francisco confirmou tudo do que havia sentido e que havia ocorrido foi à
Frei Leão, que depois foi quem cuidara dos curativos e da limpeza dessas chagas
que Francisco ainda carregou dois anos em vida. Pois o mesmo tinha todo cuidado
em esconder as sagradas feridas e a dor que sentia nas mesmas.
Paul
Sabatier, protestante e grande estudioso da história Franciscana vai dizer em
sua “Vida de São Francisco” que “Essa montanha (o Alverne) foi, ao mesmo tempo,
seu Tabor e seu Calvário...” isto é, o lugar da transfiguração e do sofrimento,
sofrimento esse que Francisco traz com alegria carinho e benevolência por serem
sinais da partilha da dor do amor de Deus por nós.
Oração em honra as chagas
de São Francisco
Gloriosíssimo
Protetor e Pai meu, São Francisco, a vos acudo, implorando vossa poderosa
intercessão, para entender o amor que Deus Nosso Senhor vos manifestou ao
martirizar vossa carne e vosso espírito.
Vossas
chagas são cinco focos de caridade divina; cinco línguas que me recordam as
misericórdias de Jesus Cristo;
Cinco
fontes de graça celestiais que o Criador vos confiou para que as distribuísseis
entre vossos devotos.
Oh! Santo
amabilíssimo!, pede por mim a Jesus crucificado uma chispa do fogo que ardia em
vossa alma naquele dia maravilhoso em que recebestes a seráfica crucificação, a
fim de que, recordando vossos privilégios sobrenaturais, imite vossos exemplos
e siga vossas ensinamentos, vivendo e morrendo amando a Deus sobre todas as
coisas.
Rezar
cinco Pai-Nosso, Ave-marias e glórias em honra das cinco chagas de São
Francisco.
Oração final:
Seráfico
Pai meu São Francisco, pobre e desconhecido de todos, e, por isto, engrandecido
e favorecido de Deus.
Porque os
vejo tão rico em tesouros divinos, venho a pedir-vos esmolas.
Dai-me
generoso, por amor ao bom Jesus e a nossa Mãe, a Imaculada Virgem Maria, e pelo
voto que fizestes de dar por seu amor tudo o que vos pedissem.
Por amor
de Deus vos rogo que me obtenhas a dor de meus pecados, a humildade e o amor a
vossa Paixão; conformidade com a vontade de Deus, prosperidade para a Igreja e
para o Papa, exaltação da fé, confusão da heresias e dos infiéis, conversão dos
pecadores, perseverança dos justos e eterno descanso das almas do Purgatório.
Vos peço
pelo amor de Deus. Assim seja.