Bispo e Doutor da Igreja. É dele a frase: “Não quero compreender para crer, mas crer para compreender, pois bem sei que sem a fé eu não compreenderia nada de nada.”
Nasceu em Piamonte no ano de 1033. Seu pai era Conde e devido ao mau relacionamento com ele, saiu de casa, apenas com um burrinho e um servo.
Foi em busca da ciência, mas também se entregando aos prazeres. Era cristão, mas não de vivência. Devido aos estudos, 'bateu' no Mosteiro de Bec e conheceu Lanfranc, um religioso e mestre beneditino. Através dessa amizade edificante, descobriu um tesouro maior: Jesus Cristo.
Nesse processo de conversão, abriu-se ao chamado à vida religiosa e entrou para a família beneditina. Seu mestre amigo foi escolhido para ser bispo em Cantuária e Anselmo ocupou o lugar do Mestre, chegando a ser também Superior. Um homem sábio, humilde, um formador para as autoridades, um pai. Um verdadeiro Abade.
Por obediência à Mãe Igreja, foi substituir seu amigo, que havia falecido, no Arcebispado de Cantuária. Viveu grandes desafios lá, retornando a Piamonte, onde faleceu, com esta fama de santidade e testemunho de fidelidade e amor à Cristo e à verdade.
Visoes de Santo Anselmo
1. Jazem nas trevas exteriores. Pois, lembrai-vos, o fogo do inferno não emite nenhuma luz. Assim como, ao comando de Deus, o fogo da fornalha babilônica perdeu o seu calor mas não perdeu a sua luz, assim, ao comando de Deus, o fogo no inferno, conquanto retenha a intensidade do seu calor, arde eternamente nas trevas.
2. E
uma tempestade que nunca mais acaba de trevas, de negras chamas e de
negra fumaça de enxofre a arder, por entre as quais os corpos estão
amontoados uns sobre os outros sem uma nesga de ar. De todas as pragas
com que a terra dos faraós foi flagelada, uma praga só, a da treva, foi
chamada de horrível. Qual o nome, então, que devemos dar às trevas do
inferno, que hão de durar não por três dias apenas, mas por toda a
eternidade?
3. O
horror desta estreita e negra prisão é aumentado por seu tremendo
cheiro ativo. Toda a imundície do mundo, todos os monturos e escórias do
mundo, nos é dito, correrão para lá como para um vasto e fumegante
esgoto quando a terrível conflagração do último dia houver purgado o
mundo. O enxofre, também, que arde lá em tão prodigiosa quantidade,
enche todo o inferno com o seu intolerável fedor; e os corpos dos
danados, eles próprios, exalam um cheiro tão pestilento que, como diz
São Boa-ventura, só um deles bastaria para infeccionar todo o mundo.
4. O
próprio ar deste mundo, esse elemento puro, torna-se fétido e
irrespirável quando fica fechado longo tempo. Considerai, então, qual
deva ser o fétido do ar do inferno. Imaginai um cadáver fétido e pútrido
que tenha jazido a decompor-se e a apodrecer na sepultura, uma matéria
gosmenta de corrupção líquida. Imaginai tal cadáver preso das chamas,
devorado pelo fogo do enxofre a arder e a emitir densos e horrendos
fumos de nauseante decomposição repugnante. E a seguir imaginai esse
fedor malsão multiplicado um milhão e mais outro milhão de milhões sobre
milhões de carcaças fétidas comprimidas juntas na treva fumarenta, uma
enorme fogueira de podridão humana. Imaginai tudo isso e tereis uma
certa idéia do horror do cheiro do inferno.
5. Mas tal fedentina não é, horrível pensamento é este, o maior tormento físico ao qual os danados estão sujeitos. O tormento do fogo é o maior tormento ao qual o demo tem sempre sujeitado suas criaturas. Colocai o vosso dedo por um momento na chama duma vela e sentireis a dor do fogo. Mas o nosso fogo terreno foi criado por Deus para benefício do homem, para manter nele a centelha de vida e para ajudá-lo nas artes úteis, ao passo que o fogo do inferno é duma outra qualidade e foi criado por Deus para torturar e punir o pecador sem arrependimento.
6. O nosso fogo terrestre, outrossim, se consome mais ou menos rapidamente, conforme o objeto que ele ataca for mais ou menos combustível, a ponto de a ingenuidade humana ter-se sempre entregado a inventar preparações químicas para garantir ou frustrar a sua ação. Mas o sulfuroso breu que arde no inferno é uma substância que foi especialmente designada para arder para sempre e ininterruptamente com indizível fúria. Além disso, o nosso fogo terrestre destrói ao mesmo tempo que arde, de maneira que quanto mais intenso ele for mais curta será a sua duração; já o fogo do inferno tem esta propriedade de preservar aquilo que ele queima e, embora se enfureça com incrível ferocidade, ele se enfurece para sempre.
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