Pertencente
de uma nobre e tradicional família, Camilo de Lellis foi militar e pelo seu
caráter, expulso da tropa. Viciado em jogo, levava vida profana e decadente.
Perdeu todos os seus bens. No momento mais melancólico de sua vida, em uma
situação de mendicância, Camilo foi tocado pela graça divina, arrependendo-se
de todos os seus pecados, passando a dedicar sua vida a servir, por espírito de
caridade, aos doentes pobres em hospitais. E diante de tanta dedicação, fundou
a Companhia dos Servidores dos Enfermos, conhecidos como Camilianos. E não é
por menos que tornou-se patrono dos enfermos e dos hospitais.
Seu
sobrenome remonta à história da igreja, época de Teodoro de Lellis, o Cardeal
Pio II. Mas São Camilo de Lellis fez a própria história e deixou sua fé e sua
dedicação aos enfermos disseminadas por todo o mundo.
São
Camilo era italiano de Abruzzo, mas precisamente da cidade de Bucchianico. Em
1550, ano de seu nascimento, sua família carregava no sangue virtude, coragem e
brio dos que lutaram nas Cruzadas.
Seu
nascimento coroou o casamento de tantos anos da senhora Camila, a mãe, que até
os 60 anos de idade não tinha conseguido dar um herdeiro ao esposo João.
Vida Voluntária
E foi com
17 anos que Camilo alistou-se como voluntário no exército de Veneza. Naquela
época, pôde conviver com o drama dos enfermos que agonizavam diante de várias
doenças. Foi dessa época também que Camilo passou a viver com uma dolorosa
úlcera no pé, que o acompanhou até o último dia de vida. Nesse período, também
sofreu a perda do pai e sua vida enveredou-se para os prazeres mundanos, como o
da jogatina.
A vida de
Camilo mudou completamente. Sofreu diante da falta de condições financeiras e
de saúde. Doente, não conseguiu local para internar-se, o que o fez partir para
Roma, pedindo auxílio no Hospital Santiago, justamente para tratar da chaga no
pé direito. Camilo não tinha dinheiro para pagar o tratamento e ofereceu-se
para trabalhos de servente e de enfermeiro.
Camillus
de Lellis - 1550-1614 Mal cicatrizada a ferida, Camilo, sem nenhum recurso
financeiro, soube que o país recrutava voluntários para combater os turcos. E
lá foi ele. Não parou tão cedo. Em 1573, mais um combate. Neste ano, quase
restabelecido economicamente, Camilo, mais uma vez, rendeu-se aos prazeres
mundanos e atirou-se aos jogos. Perdeu tudo. Ficou a zero, reduzido à miséria.
Retornou a Nápoles e prometeu se fazer religioso franciscano.
Um ano
depois, Camilo esqueceu-se do voto que fizera de se tornar religioso
franciscano e mergulhou novamente no jogo. O jogo e a bebida tornaram-se vícios
em sua vida. Ficou novamente na miséria. Partiu para Veneza. Passou frio e
fome. Não tinha onde morar, nem dormir. Em uma das derrotas no jogo, deu como
pagamento a própria camisa. Depois de muito perambular, conseguiu abrigo no
convento dos capuchinhos, momento em que lembrou do voto de tornar-se
religioso. Converteu-se realmente.
Cumpriu Abnegado Sua Missão
Camilo
retornou ao Hospital Santiago, desta vez como mestre da casa. Apesar de doente,
tratou dos enfermos como de si. Em 1581, com a saúde precária, decide tratar
dos doentes gratuitamente. Na época, Camilo foi levado a agir assim diante da
exploração, desonestidade e falta de escrúpulos dos médicos para com os
doentes. Em 1582, Camilo teve a primeira inspiração de instituir uma companhia
de homens piedosos que aceitassem, generosamente, a missão de socorrer os
pobres enfermos, sem preocupação de recompensa. O Papa Sisto V aprova os
regulamentos da companhia em 18 de Março de 1856.
Aos 32
anos voltou aos estudos sob orientação de São Felipe de Neri,
sendo ordenado sacerdote aos 34 anos. A sua companhia rapidamente se distingue
pela caridade no tratamento de doentes. em 21 de Setembro de 1591, o Papa
Gregorio XIV a reconhece como ordem religiosa. Em 8 de Dezembro de 1591,
Camilo e seus companheiros fazem a sua profissão de fé, incluindo um quarto
voto de dedicação aos doentes, ainda que com risco de sua própria vida.
Na guerra
que logo em seguida houve na Hungria, os "Camilianos" trabalharam
como primeira unidade médica de campo, cuidando dos feridos.
Não
bastou a Camilo tomar consigo apenas bons enfermeiros e alguns até médicos, os
doentes careciam também de assistência religiosa. É evidente que a alma bem
cuidada dispõe melhor o corpo para suportar os sofrimentos e sobrepor-se à
doença. Vale destacar que antes de ser santo, Camilo não tinha qualquer ligação
de fé no Senhor.
Segundo
relato de um companheiro, "[Camilo] Contemplava nos doentes, com tão
sentida emoção, a pessoa de Cristo que, muitas vezes, quando lhes dava de
comer, pensando serem outros cristos, chegava a pedir-lhes a graça e o perdão
dos pecados. Mantinha-se diante deles com tanto respeito, como se estivesse
realmente na presença do Senhor. De nada falava com mais frequencia e com mais
fervor do que da santa caridade. O seu desejo era imprimi-la no coração de
todos os homens".
Muito
doente, Camilo renunciou ao cargo de Superior Geral de sua Ordem Religiosa em
1607.
Faleceu
em Roma aos 14 de julho de 1614. Sua festa é celebrada aos 14 de julho, data de
sua morte.
Nos
primeiros dias de julho de 1614, já no seu leito de morte, recebeu a última
comunhão e deixou as seguintes recomendações:
"Observai
bem as regras. Haja entre vós uma grande união e muito amor. Amai, e muito, a
nossa Ordem, e dedicai-vos ao apostolado dos enfermos. Trabalhai com muita
alegria nesta vinha do Senhor. Se Deus me levar para o Céu, vos hei de ajudar
muito de lá. As perseguições que sofreu nossa obra vieram do ódio que o demônio
tem ao ver quantas almas lhe escaparam pelas garras. E já que Deus se serviu de
mim, vilíssimo pecador para fundar miraculosamente esta Ordem, Ele há de
propagá-las para o bem de muitas almas pelo mundo inteiro. Meus padres e
queridos irmãos: eu peço misericórdia a Deus e perdão ao padre Geral aqui
presente e a todos vós, de todo mau exemplo que eu pudesse ter dado, talvez
mais pela minha ignorância, do que pela má vontade. Enfim, eu vos concedo da
parte de Deus, como vosso Pai, em nome da Santíssima Trindade e da
bem-aventurada Virgem Maria, a vós aqui presentes, aos ausentes e aos futuros,
mil bênçãos".
Camilo de
Lellis morreu no dia 14 de julho de 1614. Seu féretro foi marcado por muita
comoção e acompanhado por uma multidão. Mas um milagre era visto naquele dia:
enquanto preparavam o corpo de Camilo para o funeral, os médicos, estarrecidos,
notaram que a chaga havia desaparecido.
Em 1746,
durante uma festa dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, o Papa Bento XIV, no dia
29 de junho, declara Santo o nome de Camilo de Lellis.
Em 1886,
Leão XIII declarou São Camilo, juntamente com São João de Deus, Celestes
protetores de todos os enfermos e hospitais do mundo católico
SÃO CAMILO ! ROGAI POR NÓS.
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